segunda-feira, 9 de maio de 2011

Motor de improbabilidade infinita

O gerador de improbabilidade infinita é uma nova e maravilhosa invenção que possibilita atravessar imensas distâncias interestelares num simples um zerézimo de segundo, sem toda aquela complicação e chatice de ter que passar pelo hiperespaço.

Foi descoberto por um feliz acaso, e daí desenvolvido e posto em prática como método de propulsão pela equipe de pesquisa do governo galáctico de Damogran.

Em resumo, foi assim sua descoberta: O princípio de gerar pequenas quantidades de improbabilidade finita simplesmente ligando os circuitos lógicos de um Cérebro Subméson Bambleweeny 57 a uma impressora de vetor atômico suspensa num produtor de movimento brownianos intensos (por exemplo, uma boa xícara de chá quente) já era naturalmente bem conhecido – e tais geradores eram freqüentemente usados para quebrar gelo em festas, fazendo com que todas as moléculas da calcinha da anfitriã se deslocassem 30 centímetros para a direita, de acordo com a Teoria da Indeterminação.

Muitos físicos respeitáveis afirmavam que não admitiam esse tipo de coisa – em parte porque era uma avacalhação da ciência, mas principalmente porque eles não eram convidados para essas festas.

Outra coisa que não suportavam era não conseguir construir uma máquina capaz de gerar um campo de improbabilidade infinita necessário para propulsionar uma nave através das distâncias estarrecedoras existentes entre as estrelas mais longínquas, e terminaram anunciando, contrafeitos, que era praticamente impossível construir um gerador desses.

Então, um dia, um aluno encarregado de varrer o laboratório depois de uma festa particularmente ruim desenvolveu o seguinte raciocínio:

Se uma tal máquina é praticamente impossível, então logicamente se trata de uma improbabilidade finita. Assim, para criar um gerador desse tipo é só calcular exatamente o quanto ele é improvável, alimentar esta cifra no gerador de improbabilidades finitas, dar-lhe uma xícara de chá pelando... e ligar!

Foi o que fez, e ficou surpreso ao descobrir que havia finalmente conseguido criar o ambicionado gerador de improbabilidade infinita a partir do nada.

Ficou ainda mais surpreso quando, logo após receber o Prêmio da Extrema Engenhosidade concedido pelo Instituto Galáctico, foi linchado por uma multidão exaltada de físicos respeitáveis, que finalmente se deram conta de que a única coisa que eram realmente incapazes de suportar era um estudante metido a besta.


Fonte: Guia do mochileiro das galáxias