Após um cansativo dia de serviço
Somente um uísque salvará minha noite.
Apoiado em minha janela, vejo a cidade, como é grande.
Tantas pessoas, tanta solidão.
O sol vai descendo lá adiante no Guaíba
Poucas nuvens, céu laranja rosado
Em meu apartamento, apenas eu e Robusto, meu cachorro
As caixas ainda permanecem no chão
Dois meses já se foram e nenhum telefonema.
Meus cabelos estão por cima da orelha
Minhas unhas aparentam ser garras de um velho leão
Minha cara assemelha-se a de um freqüentador de botecos baratos
Faz muito calor neste início de noite, ótimo para se tomar um cerveja em boa companhia.
Companhia?Eu nem tenho cerveja em casa.
O telefone toca, atendo com desdém:
- Alô.
- Oi, Mauricio?
- Sim, quem é?
- É a Solange, sua vizinha aqui de cima.
- Ah, oi Solange.
- Vi você agora na sua janela e parece estar sozinho, então pensei que talvez quisesse aparecer aqui no meu apê pra tomar uma cerveja. Topa?
- Obrigado, mas não estou disposto hoje, tchau.